Como eu escolho FII de Papel?


Olá galera da Finansfera!

Fiz um post falando sobre a decisão de reduzir minha meta de exposição à Selic e compensar com aumento de posição de FIIs de Papel ou CDB. Também fiz um post explicando como os FIIs de Papel podem se beneficiar do ciclo de aumento dos juros que já está sinalizado na curva de juros futuros.

Agora quero falar um pouco do processo de escolha.

Os fundos de papel que estão no radar são BCRI, HGCR, KNCR, KNIP e VRTA. A primeira tarefa é fazer uma boa leitura dos relatórios gerenciais. É ele quem vai mostrar o que tem qualidade e o que está deteriorado. Vamos à um breve resumo!




BCRI11: A meta do fundo é IGPM+6%, possui a administração do Banco Fator, a distribuição mensal vem caindo, e com isso o valor de mercado está cedendo, isso é reflexo da queda da inflação e Selic. Com isso o valor de mercado já está próximo do valor patrimonial. O Relatório não reporta nenhuma inadimplência, e os tomadores de empréstimos apresentam bom Rating médio. Fundo possui alta exposição à indicadores atrelados à inflação.

HGCR11: O fundo possui a administração do Credit Suisse Hedging-Griffo, que apresenta um dos relatórios mais bem detalhados do mercado, essa transparência é muito importante para o investidor, mas às vezes gera um desconforto no preço, já que nosso pessoal é mais acostumado com fundos caixa preta. O Fundo possui R$1,52/cota de resultados não distribuídos, o que garantirá uma estabilidade na distribuição em caso de dores de barriga no mercado. Este fundo tem alta exposição à indicadores atrelados à inflação e consequentemente os rendimentos mensais estão em queda, assim como o seu valor patrimonial. Os tomadores de empréstimos apresentam bom Rating médio, mas como isso não é garantia de recebimento do dinheiro de volta, existe um problema com o CRI Goiabeiras, que representa 6,92% da alocação do fundo e isso tem merecido três páginas do relatório mensal. O fundo está aumentando capital.

KNCR11: Fundo gerido pelo KINEA/ITAU, a distribuição mensal vem caindo, como esperado, já que o fundo é majoritariamente alocado em CDI. O valor de mercado do fundo também recuou e está mais próximo do valor patrimonial. O Relatório não fala de nenhuma inadimplência e os tomadores de empréstimos apresentam ótimo Rating médio.

KNIP11: Fundo gerido pelo KINEA/ITAU e muito similar ao KNCR11 com a grande diferença de que os instrumentos de dívida são majoritariamente atrelados à inflação. O Relatório não fala de nenhuma inadimplência e os tomadores de empréstimos apresentam ótimo Rating médio. Este fundo acabou de aumentar capital.

VRTA11: A meta do fundo é IGPM+6%, possui a administração do Banco Fator, e como todo FII de Papel que se preze vem reduzindo a distribuição mensal e seu valor de mercado caindo e se aproximando do valor patrimonial. Este fundo é o que possui maior exposição à instrumentos de dívidas atrelados à inflação. O fundo tem muitos dos tomadores de empréstimos sem classificação de Rating, mas aqueles que são classificados apresentam um bom Rating. Historicamente este fundo não apresentou muitos problemas de inadimplência, mas este mês, para minha surpresa, apresentou 3 casos de inadimplência que representam 6,18% da alocação do fundo. Fiquei impressionado com a falta de transparência do fundo na exposição do problema, primeiramente o relatório não trouxe o assunto, que só veio numa reapresentação. Outra questão estranha é o fato de utilizar siglas para substituir as palavras “cabeludas”, sem explicar o que são estas siglas. Destaco aqui RJ para recuperação judicial e PDD para provisionamento de devedores duvidosos.

Agora, depois de entender em que tipo de encrenca estou me metendo, já dá para olhar os principais indicadores dos fundos.


Nos fundos de papel acredito que o indicador mais importante é o VM/VP. Afinal de contas, toda vez que esse valor é maior que 100%, equivale a pagar ágio para entrar num fundo. Como se trata de um fundo de papel o valor patrimonial tende à ser constante, diferente de um fundo de tijolo onde o imóvel, ativo real, pode se beneficiar de um cenário macroeconômico ou se valorizar em função de uma melhoria de acessos e reposição inflacionária. Desta forma quanto menor o ágio para entrar no fundo melhor.




O benchmark para comparar o Yield mensal destes fundos é a taxa mensalizada Tesouro Pré 2023 (5 anos). Em 08/Jun/2018 este título estava à 11,13% ao ano, o que equivale à um yield mensal de 0,88%.

Como FIIs não pagam imposto de renda (IR) na distribuição mensal, é necessário calcular um Yield teórico com incremento de 15% na rentabilidade para comparar com o yield mensal do Tesouro Pré de 5 anos, essa medida é chamada de Yield Gross Up 15%. Basta dividir o yield do FII por 0,85. Esta informação já está apresentada na tabela.

Ao comparar nosso benchmark (Tesouro Pré 2023) com o Yield Gross Up 15%, vemos que todos o FIIs estão caros.

Mas por que eu insisto que FIIs de papel é uma das melhores opções deste momento?

A resposta foi detalhada no post Rentabilizando em FIIs com a subida da taxa de juros. Lá eu explico como os FIIs de Papel tendem à valorizar com a escalada da inflação e da Selic. Por outro lado quem comprar Tesouro Pré neste momento corre um sério risco de ter rentabilidade negativa caso não leve o investimento até o vencimento. E principalmente, não há mais dúvidas que chegamos no fim da curva de corte de Selic, com o juros futuro já sinalizando alta e o dólar flertando com os R$4,00. Isso reforça que o cenário para o qual estou preparando minha alocação tem alta probabilidade de ocorrer.

CONCLUSÃO

Em geral eu priorizo o VM/VP em relação ao yield, assim acredito que o VRTA11 e BCRI11 estão mais interessantes que o HGCR11. Em quarto lugar considero o KNIP11 e por último o KNCR11. Abaixo faço minhas considerações.




VRTA11: Está próximo do valor patrimonial e apresenta um bom yield. O fundo é bastante influenciado pelo movimento dos juros futuros, devido à sua alta exposição à IPCA e IGPM. Acredito que se o fundo conseguir superar os problemas de inadimplência tem tudo para gerar excelentes resultados no futuro. Estou bem posicionado com 54% da minha exposição em FIIs de Papel e pretendo adquirir mais cotas toda vez que o preço cair abaixo do meu preço médio.

BCRI11: Se parece muito com o VRTA11, mas possui uma exposição um pouco maior à CDI. Outro ponto é que este fundo possui a mesma administração do VRTA11, logo, tendem à contratar as mesmas dívidas, pois a administradora ganha em escala ao compartilhar a mesma equipe de analistas. Assim não estou posicionado neste ativo e não pretendo abrir posição. Se não tivesse alocação no VRTA, esse fundo seria minha primeira opção, já que não está impactado por inadimplência.

HGCR11: O fundo está com um yield bem interessante e já informou que possui reservas de distribuição corpulentas para garantir a estabilidade dos próximos pagamentos. A recente subida dos títulos de dívida de 5 anos, pressionaram os FIIs de uma forma geral e se este FII passar por uma correção pode ser uma excelente aquisição. Mesmo em terceiro lugar para o cenário dos dados deste período, eu priorizarei a alocação neste fundo, usando a estratégia do caiu comprou. Ainda não tenho exposição no fundo.

KNIP11: Este fundo está entre os mais seguros da lista, dado seu critério mais restritivo de seleção de instrumentos de dívida. Até por isso este fundo sempre terá uma remuneração um pouco pior que os outros três fundos acima, pois quem tem menos risco de crédito paga menos juros. Mas como segurança e canja de galinha não fazem mal a ninguém eu tenho uma alocação de 8% neste fundo.

KNCR11: Apesar do fundo está mais perto do seu valor patrimonial a tendência é que ele tenha sempre o pior yield da seleção, já que o benchmark do fundo é o CDI, este também deve ser o fundo que menos se beneficiará com a subida dos juros e ainda tem a pior taxa de administração. Em todo caso tem uma seleção bem restritiva o que aumenta a segurança do fundo, além de ser o fundo mais líquido, o que faz esse fundo ser similar à um renda fixa com liquidez diária.  Minha alocação no fundo é de 38%, ele passou por um sell-off forte em Nov/17 e Dez/17 e eu abri posição com preço médio abaixo do Valor Patrimonial da Cota. Toda vez que isso ocorrer eu estarei disposto a aumentar posição neste fundo.

E você está entrando em FIIs de papel? Qual sua aposta?

Grande abraço, bons investimentos e até o próximo post!!!

Disclaimer: Não sou analista certificado. Todos os ativos apresentados nesse blog são apenas ilustrativos, não representando qualquer indicação (nem de compra, nem de venda, nem de manutenção).
Este blog serve apenas para fomentar discussões e trocar experiências.
Conheça bem o mercado que você investe, pois os resultados de suas operações são de sua inteira responsabilidade.

Comentários

  1. Olá Janota, post bem interessante!

    Eu tenho o KNCR e o CPTS que não está no seu radar. E acredito que o CPTS não esteja devido a ser uma grande caixa preta rsrs

    Abraço!

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    Respostas
    1. Olá Inglês!
      Fiz a seleção para o radar há uns 8 meses atrás e não me lembro de ter estudado esse fundo.
      Pareceu interessante, só não curti muito o fato dele fazer amortizações na cota.
      O MFII saiu da minha carteira por conta daquele excessivo aumento de capital, taxa de entrada para cobrir dividendos não me agrada.
      Grande abraço!

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  2. Olá pessoal!
    Fiz a leitura do VM/VP neste fim-de-semana e após a abertura da semana o mercado deu uma variada que modificou o indicador do BCRI que colou no valor patrimonial e resolvi entrar nele ao invés do VRTA. Como disse são muito parecidos e ter os dois não acrescenta em termos de diversificação.
    Grande abraço!

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  3. O Wix finalmente atualizou a plataforma e RSS feed agora está funcionando, se importa de me adicionar ao seu blogroll? O link é https://www.srif365.com//blog-feed.xml
    Já coloquei vc no meu.
Obrigado.

    Sr. IF365

    Blog do Sr.IF365 | Acompanhe meus últimos 365 dias antes da IF e Aposentadoria Antecipada
    www.srif365.com

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